História

Antes da chegada dos portugueses

As ilhas do arquipélago da Madeira já seriam conhecidas antes da chegada dos portugueses, a crer em referências presentes em obras, bem como na representação destas em cartas geográficas. Entre as obras que se referem à Madeira salientam-se passagens do Libro del Conoscimiento (após 1385), obra de um espanhol, na qual as ilhas são referidas pelo nome de "Leiname", "Diserta" e "Puerto Santo".

Povoamento

Em 1418 a ilha do Porto Santo foi redescoberta por João Gonçalves Zarco e por Tristão Vaz Teixeira. No ano seguinte estes navegadores, acompanhados por Bartolomeu Perestrelo, chegam à ilha da Madeira.

Tendo sido notadas as potencialidades das ilhas, bem como a importância estratégica destas, iniciou-se por volta de 1425 a colonização, que terá sido uma iniciativa de D. João I ou do Infante D. Henrique. A partir de 1440 estabelece-se o regime das capitanias com a investidura de Tristão Vaz Teixeira como capitão-donatário da capitania de Machico; seis anos mais tarde Bartolomeu Perestrelo torna-se capitão-donatário do Porto Santo e em 1450 Zarco é investido capitão-donatário da capitania do Funchal.

Os três capitães-donatários levaram, na primeira viagem, as respetivas famílias, um pequeno grupo de pessoas da pequena nobreza, gente de condições modestas e alguns antigos presos do reino. Para auferirem de condições mínimas para o desenvolvimento da agricultura, tiveram que desbastar uma parte da densa floresta de Laurissilva e construir um grande número de canalizações de água (levadas), visto que numa parte da ilha havia água em excesso enquanto na outra esta escasseava. Nos primeiros tempos, o peixe constituía o principal meio de subsistência dos povoadores assim como os produtos hortofrutícolas.

Da queda da produção cerealífera ao Vinho da Madeira

                                                    

 

A primeira atividade agrícola local com grande relevo foi a cultura cerealífera do trigo. Inicialmente, os colonizadores produziam trigo para a sua própria subsistência mas, mais tarde, este passou a ser um produto de exportação para o reino.

No entanto, inexplicavelmente, a produção cerealífera entrou em queda. Para superar a crise o infante D. Henrique resolveu mandar plantar na ilha da Madeira a cana-de-açúcar — rara na Europa e, por isso, considerada especiaria —, promovendo, para isso, a vinda, da Sicília, da soca da primeira planta e dos técnicos especializados nesta cultura. A produção de açúcar atraiu à ilha comerciantes judeus, genoveses e portugueses. A cultura da cana foi por excelência um dinamizador da economia insular. A produção da cultura sacarina cresceu de tal forma que surgiu uma grande necessidade de mão-de-obra. Para satisfazer esta carência foram levados para a ilha escravos originários das Canárias, de Marrocos, Mauritânia e, mais tarde, de outras zonas de África. A cultura da cana e a indústria da produção de açúcar desenvolver-se-iam até ao século XVII, seguindo-se a indústria da transformação — as alçapremas — fazendo a extração do suco para, depois, vir a fazer-se o recozer dos meles como então se chamava à fase da refinação.

A partir do século XVII será o vinho o mais importante produto da exploração madeirense, já que a cultura da cana-de-açúcar fora, entretanto, incentivada no Brasil (a partir de 1530) e em São Tomé e Príncipe, o abalou profundamente a economia madeirense.

O papel da Madeira na época dos descobrimentos

A Madeira serviu também como modelo para a colonização do Brasil, baseado nas capitanias hereditárias e nas sesmarias, conforme atesta a nomeação de Pero de Góis por D. João III, em 25 de Agosto de 1536, quando o rei determina que exercesse o cargo da maneira que ele deve ser feito e como o é o provedor da minha fazenda na Ilha da Madeira.

No Brasil, os madeirenses tiveram também importante participação na Insurreição Pernambucana, contra a ocupação holandesa.

Durante o século XV a Madeira desempenhou um importante papel nos descobrimentos portugueses. Tornou-se também famosa pelas rotas comerciais que ligavam o porto do Funchal a toda a Europa. E foi no arquipélago da Madeira que o mercador Cristóvão Colombo aprofundou os conhecimentos da arte de navegar e planeou a sua célebre viagem para a América.

Nos séculos XVII e XVIII, uma grave crise económica e alimentar motivaram a Diáspora madeirense. Milhares de famílias partiram para as colónias. Na Madeira, o povo sofria com a fome e a miséria. Em 1747, D. João V ordena o recrutamento voluntário de casais para povoarem a ilha de Santa Catarina. Em 1751, o governador Manuel Saldanha da Gama escreve: Nalguns portos da Ilha, o povo só se alimentava de raízes, flor de giesta e frutos. No mesmo ano, o rei D. José mandou recrutar, só na cidade do Funchal, mil casais sem meios de subsistência para promover o povoamento das colónias, sobretudo do Brasil.